A LISBOA CLÁSSICA: ROTEIRO DE UMA PORTUENSE EM LISBOA (DIA 2)

Se na Baixa portuense já é difícil fugir ao turismo, em Lisboa nem vale a pena tentar. Por isso, metemo-nos no coração da zona histórica para “turistar” e descobrir o que há de tradicional e de moderno na capital. E na Rua de São Vicente, a oficina de Cristina Pina conjuga ambos. A ceramista abriu o espaço há 11 anos, numa altura em que pouco acontecia naquela zona. “Isto era uma antiga farmácia e quando vim para aqui não foi a pensar no turismo, até porque não havia aqui ninguém. Nem sequer isto era uma loja”, conta a Cristina, que começou a aprender as artes do fogo na Escola Artística António Arroio.
Em uma década, a cidade mudou e a OFICINA SÃO VICENTE também, “excepto na forma de trabalhar”, diz. Antes, era uma pessoa a trabalhar, agora são três, e decidi ter uma parte de loja, onde se vende “peças decorativas com utilidade”. Não faltam encomendas, como a que se estava a ultimar quando entramos. Na mesa de trabalho, réplicas de fumeiros de peixes, tradicionais painéis do século XVIII que enfeitavam as cozinhas, lembram que o interesse por esta arte está cada vez mais vivo, depois de uma fase em que não se dava muita importância à arte. “Agora, o artesanato, em geral, está em alta e até há estudantes de arte ou arquitetura que perguntam se podem vir para aqui trabalhar para aprender”. Quem quiser aprender sem ser a trabalhar, pode frequentar os workshops orientados por Miguel Moura, filho de Cristina, que desde cedo se começou a interessar pela azulejaria. Aliando esta a outra das suas paixões – o skate – Miguel começou recentemente um projeto chamado Fachada 31. A ideia é recuperar tábuas de skate e decorá-las com azulejos para fins meramente decorativos. Outro dos projetos é trabalhar padrões diretamente nas tábuas, estas para serem utilizadas por skatistas. “A cerâmica não é uma coisa que está no passado”, lembra Cristina.
— Ana Costa, 26/10/2019
 

Fonte - evasoes.pt